Lixo vira instrumentos pouco convencionais

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Jesiel tem 4 anos, nunca fez uma aula de música e, com o apoio do pai, já tira som por meio de uma bateria de material reciclável
O que para muitos seria um monte de lixo, para outros é material reaproveitado e transformado em cultura e entretenimento. Fazer música para uma banda formada em Uberlândia vai além de ter instrumentos convencionais, com som comercial e foco no lucro. O sexteto do Tram-Panumbras utiliza tubos de PVC, cabos de vassoura, latas de manteiga, entre outros materiais, para dar fundo às letras que fazem o público pensar.
Uma flauta de 1,5 metro e um trombone feitos de tubos de PVC, uma guitarra feita com cabo de vassoura e lata de manteiga, um baixo com corda de varal, panelas, frigideiras, uma serra circular dentada, tubos conduite, além de brinquedos sucateados, “berimbau de boca” (instrumento chileno), mridangam (percussão indiana) e apitos indígenas, dividem espaço com a guitarra, baixo, bateria, escatela, trompete e flautas. “Mas nossa intenção é, aos poucos, abandonar os instrumentos convencionais”, disse o vocalista Tom.
Os arranjos, que passeiam pelo dub, reggae, funk americano, rock, samba, angola e ritmos indianos, complementam as letras que falam do meio ambiente, violência, consumismo, imediatismo e outros temas nem sempre questionados pelos compositores. Nove músicas já foram compostas e começam a ser gravadas na próxima semana. O CD ou EP deve ser lançado no segundo semestre. “O músico tem muita responsabilidade social. Não é só fazer uma música bonita, nem entreter. Precisa passar informação, questionar para onde estamos indo”, afirmou Tom.

Documentário será lançado neste ano

Tram-Panumbras tocou pela primeira vez em novembro passado no Festival Musgo de Artes Integradas, em Uberlândia. Desde então, passou a fazer parte dos principais eventos da noite uberlandense, sendo convidado para tocar com a banda Umbando-GO, Astronauta Pinguim-POA e Groundation, uma das maiores bandas de reggae do mundo originária da Califórnia.
Além de cantar e tocar, eles fazem performance no palco, explorando elementos visuais como projeções de vídeos concebidos e produzidos pelos próprios integrantes da banda. Um documentário sobre a utilização da sucata ainda está em fase de captação de imagens e tem previsão de ser lançado neste ano.
Os músicos também estão com uma parceria com o grupo Faz de Conta de Teatro, em uma mistura de manipulação de bonecos e projeção de cena ao vivo durante os shows.

Sonho em ser baterista e ajudar a mãe

Jeziel tem apenas 4 anos e não tem ideia do que significa sustentabilidade. Mas, nas mãos do menino que nunca fez aula de música, o som surge por meio de uma bateria feita de latas de tinta, plástico, cabo de vassoura e madeira. “Quando eu crescer, vou ser baterista e ajudar a mamãe a lavar a louça”, disse Jeziel.
O pai da criança, o ajudante de jardinagem Carlos Amorim, disse que foi em lixões em busca de material para fazer o instrumento para o filho único. “Como não tenho condição de comprar uma bateria de verdade, fiz essa. Gastei uns dez dias. Já tinha feito instrumentos pra mim quando criança no Maranhão, mas nunca com tanto cuidado.”
Dos dez irmãos de Carlos, seis são músicos e aprenderam os primeiros acordes em instrumentos improvisados. “Toco vários instrumentos, mas não tenho muito tempo de ensinar para o meu filho. Coloco o DVD lá na TV, ele ouve e tira de ouvido. Já sabe tocar até Nirvana”, disse Carlos.


Por Correio de Urbelandia,
Lixo vira instrumentos pouco convencionais
disponivel em < http://www.correiodeuberlandia.com.br/entretenimento/lixo-vira-instrumentos-pouco-convencionais/
                                                                           acessado em 12 de novembro de 2012

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